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Sustentabilidade e Inovação do produto

O desenvolvimento de produtos é uma das atividades chave das empresas. As empresas desenvolvem produtos e montam à sua volta modelos de negócio para atingirem o seu mercado-alvo: preço, logística, canais de venda, publicidade, serviço, etc. Cada vez mais, a componente do serviço e a arquitetura dos modelos de negócio ganham maior relevância na diferenciação de mercado, mas o produto continua a ser crítico, e na maior parte das vezes o coração do negócio.

Porque será que as empresas investem largos recursos no desenvolvimento de produtos com baixa magnitude inovadora e que vão gerar tímidos resultados?

A resposta é simples. Porque usam sempre a mesma metodologia, as mesmas ferramentas e as mesmas pessoas no desenvolvimento dos produtos. E como diria Einstein, não podemos esperar resultados diferentes fazendo tudo da mesma maneira.

Hoje, um produto/serviço que queira ser diferenciador e corresponder às expectativas do consumidor deve, no seu desenvolvimento, explorar 5 vertentes:

  1. Eco-Social Thinking: O seu impacto ambiental e a ética com que o negócio opera
  2. Anthropologic Thinking: O utilizador no centro das soluções
  3. Design Thinking: A criatividade no desenho das soluções
  4. Engineering Thinking: A fiabilidade da produção e da utilização
  5. Business Thinking: A rentabilidade da comercialização do produto

Eco-Social Thinking

As empresas têm que definitivamente assumir compromissos perante os desafios ecológicos do planeta e passarem a tomar as melhores opções do ponto de vista do impacto ambiental, não olhando apenas para a sua atividade direta, mas sim para todo o ciclo de vida do produto, desde a extração das matérias-primas até ao fim de vida. Neste sentido, é necessário redefinir a abordagem do design industrial, passando a incorporar os conceitos da economia circular, tentando prolongar indefinidamente o valor dos produtos e mantendo-os dentro de um circuito fechado e isento de resíduos. Ao contrário da economia linear que se baseia no princípio de produzir-usar-descartar, aqui procuramos holisticamente minimizar ou neutralizar o impacto ambiental do produto ao longo de todo o seu ciclo de vida, promovendo as escolhas acertadas em termos de: a) sustentabilidade da extração das matérias-primas b) fontes energéticas e eficiência energética/hídrica na produção e utilização c) toxicidade, qualidade e durabilidade dos materiais d) opções para o fim-de-uso: reparação, reutilização, reciclagem ou compostagem.

Tal como a responsabilidade ambiental, o impacto da atividade na comunidade também deve ser parte integrante do desenvolvimento de produtos, assumindo critérios transparentes, ética e valores na relação com os stakeholders.

Sem dúvida que hoje, e mais e mais, os critérios socio-ambientais são preponderantes na escolha do consumidor, porém a sustentabilidade tem que andar de mão dada com outros argumentos para ser vendável. Por isso colocamos o utilizador no centro das atenções na conceção e desenvolvimento de produtos com uma abordagem de antropologia de consumo.

Anthropologic Thinking

Os produtos têm de ser desenhados para quem os vai utilizar e não unicamente pela cabeça do designer que o idealiza. As empresas devem fazer trabalho de campo e adotar a atitude do antropólogo para perceber o comportamento humano e ir de encontro às suas necessidades. É essencial observar e estudar o consumidor/utilizador em vários momentos da sua relação com o produto: a) no momento da compra para perceber quais os critérios que o potencial cliente avalia na tomada de decisão, podendo eles ser tão variados como o peso, a cor, o preço, a textura do material, etc.; b) durante a utilização de forma a proporcionar uma boa experiência ao utilizador, quer seja pela ergonomia ou pela facilidade de utilização; c) durante atividades secundárias como a simplicidade de armazenamento ou a resistência à lavagem, por exemplo.

Design Thinking

Para encontrarem soluções inovadoras as equipas de desenvolvimento têm de explorar as problemáticas com abordagens distintas, têm de ser colocadas em novas perspetivas para poderem ver com outros olhos e assim conseguirem apresentar respostas diferentes. Para tal, é imperativo usar metodologias que apresentem os problemas de uma nova forma e que estimulem a criatividade para se encontrarem novas soluções. Com a abordagem do designer conseguimos transportar para o desenvolvimento do produto metodologias e ferramentas que vão conduzir à inovação. Desde a definição do problema, passando pelo processo de ideação até à prototipagem e teste, podemos aplicar ferramentas como o brainstorming, a gestão visual, a pesquisa, a experimentação, a empatia ou a colaboração, para que o resultado final seja radicalmente inovador.

Engineering Thinking

A perspetiva ecológica e social aparece para responder aos desafios que a sociedade vem enfrentado, a abordagem do antropólogo coloca o utilizador no centro das soluções, o pensamento do designer ajuda a dar novas respostas para os problemas apresentados, e a mentalidade do engenheiro vem garantir que as soluções propostas são exequíveis e fiáveis, tanto do ponto de vista da produção como da utilização. O mindset do engenheiro, ao abordar os problemas de forma sistemática e modular, vai servir como aglutinador das outras áreas (eco-social, antropologia e design) para que a solução possa passar do papel para a realidade. O pensamento de engenharia permite desconstruir os problemas em módulos, estabelecer novas ligações e reconstruir, juntando as diferentes peças numa nova lógica. Esta abordagem também é essencial para adaptar as respostas perante as adversidades colocadas no processo de desenvolvimento, escolher as melhores tecnologias e propor de forma racional os trade-offs necessários.

Business Thinking

O racional de negócio tem de estar sempre presente na conceção e no lançamento do produto. A comercialização do produto tem de ser rentável e gerar fluxos financeiros para pagar o seu investimento. Utilizando ferramentas de modelação de negócio, é crucial explorar as diferentes peças do puzzle e encaixá-las da melhor forma para tornar um excelente produto num caso de sucesso de mercado.  O produto por si só não vende. E um produto inovador promovido e comercializado pelos mesmos e velhinhos canais de sempre terá o seu sucesso limitado, à partida. É necessário trabalhar todas as vertentes do modelo de negócio, identificando e explorando: a) o público-alvo b) os canais de distribuição c) os canais de promoção d) a proposta de valor a ser comunicada e) os recursos e atividades-chave f) as parcerias g) a estrutura de custos e finalmente h) os fluxos de receita. Olhemos para as fontes de receita como um exemplo de como é possível explorar novas formas de comercializar um produto, em vez de fazermos o simples cálculo “preço de custo + margem” podemos explorar outras configurações: venda do produto associado a vendas de consumíveis, renting com serviços de pós-venda associados, leilão, assinatura, licença, etc.

Na Humb, perante o desafio da inovação, trabalhamos em rede com profissionais de diversas áreas de conhecimento, aplicamos metodologias comprovadas mas com um novo pensamento, para assim ajudarmos os nossos parceiros a conceberem produtos sustentáveis que tenham sucesso no mercado.
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