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Envolver os stakeholders

As recentes notícias sobre os obstáculos à construção do novo aeroporto do Montijo não são o único exemplo da falta de envolvimento dos stakeholders no planeamento dos grandes projectos do país. Vimos exactamente o mesmo filme nas minas de lítio no norte e centro do país, na exploração de petróleo no Algarve, etc etc etc. Não vou discutir a validade dos projectos, o ponto não é esse, e quero vincar que não é sobre isso que me leva a escrever sobre eles. O que pretendo aqui é contestar a má abordagem das entidades que pretendem levar esses projectos avante. Estamos em 2020, na época da propagação da informação à velocidade da luz, do escrutinio em tempo real, da consciencialização social e ambiental e do empoderamento das comunidades. Não podemos simplesmente continuar a operar com o mesmo autismo, a mesma arrogância e a mesma opacidade. Já não basta ostentar a legalidade dos projectos para convencer as comunidades da sua viabilização. Mentalizem-se, já ninguém se conforma com explicações públicas dadas fora de tempo e cujo argumento insistentemente se baseia na legalidade e na criação de emprego.

Uma nova abordagem

O que se pede hoje é uma nova abordagem que consiste em duas simples premissas: TRANSPARÊNCIA e ENVOLVIMENTO DAS PARTES INTERESSADAS. A transparência é simples de perceber e deveria ser um garante. O envolvimento das partes interessadas (stakeholders) implica uma mudança radical na forma de actuar, implica predisposição para a construção de pontes, implica a capacidade para ver o todo e implica ceder para todos ganharem.

Tomemos como exemplo a exploração de uma mina de lítio no norte do país. Imaginemos que a empresa exploradora além de envolver o governo também envolve o poder local, as agências do ambiente, a comunidade local, os empresários da região, os sindicatos e até os activistas ambientais. Envolver não significa cumprir os procedimentos e requitos legais, envolver significa envolver. À primeira vista aparenta ser um cenário complexo e moroso, porém o investimento nestas actividades pode trazer ganhos de médio-longo prazo, anular obstáculos ou simplesmente ditar o sucesso do projecto.

Quando nos sentamos à mesa com todas as partes interessadas e assumimos um compromisso em que todos ganham em vez de contestação e bloqueio temos aceitação e apoio. Imaginemos que a empresa exploradora compromete-se com todos os stakeholders a contribuir para o bem-estar da comunidade a nível económico, social e ambiental. Imaginemos que se compromete a reinvestir na região uma percentagem dos lucros anuais, que investe na formação especializada da população local activa, que convida os empresários a fazerem parte da cadeia de valor, que apoia os empreendedores a desenvolverem negócios nesta nova indústria, que paga salários acima da média, que intensifica as medidas de controlo ambiental, que reforça os seguros de danos ambientais, que implementa projectos de compensação ambiental… Neste cenário alguém imagina contestação?

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