A minha empresa deveria ter um gestor de sustentabilidade?

Já todos percebemos que a Sustentabilidade não é apenas responsabilidade dos políticos. A sociedade e as empresas também têm um papel determinante na construção de um futuro sustentável.

Dados do Eurostat de 2019 revelam, por exemplo, que na EU-28, a indústria é responsável por 24,6% do consumo de energia, os serviços 14,5%, o transporte 30,8% e as famílias 27,2%. Estes dados revelam que as empresas podem ter um enorme contributo para a jornada da descarbonização.

Apesar disso, ainda vemos muitas empresas relutantes em colocar a sustentabilidade no core do negócio. É notório que as empresas já encaram a sustentabilidade como um tema obrigatório, mas ainda têm uma abordagem muito fragmentada e recativa. A primeira preocupação é sempre o cumprimento regulamentar e a gestão de riscos. Em segunda linha, desenvolvem algumas acções lideradas pelo departamento de Qualidade e Ambiente, geralmente relacionadas com eficiência energética ou com a valorização de resíduos.

Definitivamente, esta abordagem já não é válida em 2021. As empresas necessitam de integrar a sustentabilidade em todas as vertentes do negócio, desde a estratégia, passando pelo desenvolvimento de produtos, operações, finanças, relação com o cliente e até comunicação. Os impactos socio-ambientais e económicos serão tanto maiores quanto melhor as empresas souberem fazer esta integração transversal da sustentabilidade no seu negócio.

Chegamos ao ponto em que é necessário dar o salto da mera gestão ambiental para a gestão de sustentabilidade. E para isso é preciso ter um(a) gestor(a) de sustentabilidade?

A sustentabilidade pode ser gerida como um processo integrado em toda a organização, tal como a inovação ou a qualidade, por exemplo. Isso não significa que não é necessário ter um gestor do processo ou mesmo uma equipa de sustentabilidade. O gestor ou a equipa de sustentabilidade vão ter a responsabilidade de integrar a sustentabilidade transversalmente na organização e liderar o processo com vista à melhoria de desempenho de forma contínua. É uma jornada que nunca acaba, há sempre potencial de melhoria quer seja no desenvolvimento de impactos socio-ambientais positivos, quer seja na valorização económica do negócio.

O gestor ou equipa de sustentabilidade vão ter que trabalhar de perto com a gestão de topo para a integração da sustentabilidade no modelo de negócio, no core da estratégia e no governance. Vai ter de trabalhar em articulação com a equipa de operações para a implementação de green supply chain, green operations, eficiência energética, eficiência hídrica, valorização de resíduos, etc. Vai ter que ser parte integrante no desenvolvimento do produto e inovação para se integrarem os princípios do eco-design e da economia circular. Vai ter que colaborar com a equipa de recursos humanos para a criação de um cultura sustentável que se reflita em melhores condições para a organização e para a comunidade. E vai ter de cooperar com a equipa de marketing e vendas para construírem uma marca de reputação numa economia verde.

A sua empresa está preparada para ter um(a) gestor(a) de sustentabilidade? A resposta vai depender da dimensão da empresa, do seu estágio de maturidade e também de para onde pretende ir. Se não for hoje será já amanhã que terá de dar esse passo, mas pode fazê-lo contratando um gestor ou equipa (no caso de empresas maiores) ou poderá recorrer ao outsourcing de assessores de sustentabilidade. Esta segunda solução, da assessoria de sustentabilidade, pode ser assertiva como transição para a nova realidade sem ter que dar um tiro no escuro, e até pode mesmo vir a ser a solução a longo prazo. Isto porque tem acesso a uma rede de especialistas com múltiplas valências dentro da sustentabilidade (life cycle assessement, economia circular, eco-design, relatórios de sustentabilidade, greenmarketing, etc.) sem o custo fixo da contratação de recursos humanos para os quadros da empresa.