Kate Raworth, no livro Doughnut Economics, propõe um modelo macroeconómico alternativo ao actual que pretende superar os principais problemas do sistema económico vigente e reformular as metas pelas quais este se rege de modo a incluir as necessidades fundamentais da humanidade.
A Economia do Donut, representado por um esquema visual que remete para o popular snack doughnut, almeja o desenvolvimento sustentável, combinando o conceito de teto ecológico com o de acesso aos elementos fundamentais para uma vida condigna. Para tal, a economista desconstrói a ideia do crescimento económico infinito e desmistifica a importância que é hoje dada ao produto interno bruto (PIB). Segundo Kate Raworth, atualmente, a economia é prisioneira do crescimento económico constante, que não significa necessariamente prosperidade. A alternativa proposta é, portanto, uma economia que nos faça prosperar, atingindo objetivos sociais e ambientais, com ou sem crescimento económico. A economista acrescenta que os modelos económicos neoclássicos do século XX focam-se nas transações monetárias por via de equações matemáticas, omitindo variáveis fundamentais como a complexidade do ser humano, a sociedade, a cultura, a natureza e os recursos naturais. Foi possível operar com esta omissão enquanto não havia um fim à vista para os recursos naturais e o ecossistema era capaz de suportar as constantes pressões que lhe eram colocadas pela atividade humana. Além disso, os modelos económicos do século XX baseiam-se na suposição que o ser humano é um “Homem económico racional”, ou seja, que as suas motivações são egoístas, as suas decisões são lógicas e pragmáticas, que tem gostos fixos e que é desapegado da cultura, da sociedade e da envolvente ambiental em que se insere. Pelo contrário, Kate Raworth ressalva que o ser humano é, por natureza, social, encontra-se inserido numa cultura e sociedade particular, tem valores específicos e depende do bom funcionamento do ecossistema para a sua sobrevivência.
Assente nestes pressupostos, o modelo é composto por 2 anéis que, pelas suas semelhanças a um donut, dão nome ao modelo. Entre estes anéis encontra-se o espaço onde devemos operar para que as necessidades de todos sejam satisfeitas e os limites do planeta sejam atendidos.
O anel interior remete para o alicerce social, segundo o qual todas as pessoas devem ter acesso ao mínimo necessário para ter uma vida boa e adequada.
Os aspetos a ter em conta para a satisfação das necessidades fundamentais são:
Por outro lado, o anel exterior refere-se ao teto ecológico, isto é, ao limite que não deve ser ultrapassado para que o equilíbrio do ecossistema seja conservado. Ao respeitar estas barreiras, estamos a evitar possíveis grandes catástrofes ambientais desencadeadas pela(s):
Este modelo considera que a Economia Circular é uma ferramenta essencial para que se possa alcançar um efeito positivo sobre a sociedade e sobre o ambiente. Em 2020, Amesterdão tornou-se a primeira cidade a adotar este modelo económico.